segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

"Por que é importante uma arquitetura de limites?"

Para Bernard Tchumi, “LIMITES são áreas estratégicas da arquitetura, estes limites são a base a partir da qual se pode empreender uma crítica das condições existentes.” Entendido isso, pensando no que vem sendo produzido hoje, e nos estudos da disciplina de tópicos, pode-se afirmar que ao estabelecer os limites da arquitetura não somente estamos atentando aos usuários do espaço e também ao homem/cidadão a uma reação crítica, para que ele deixe de ser um usuário passivo e passe a atuar e ser um usuário capaz de definir com ciência o que é bom para ele, como também podemos despertar nesses usuários a importância do uso apropriado do espaço, embora não sejamos, nós futuros arquitetos, detentores do poder de controle do uso que cada um faz de um espaço, podemos indicar o quão importante se faz a percepção do mesmo, e o que os difere quando estão sensivelmente integrados à aquela experiência de espaço.

Segundo Tschumi a tríade Vitruviana pode hoje ser destrinchada em outra tríade, “o concebido, o percebido e o vivenciado”, ou seja, exatamente a união do que se resume (e que esteja esclarecido a palavra, resumo), a função da arquitetura em meu entendimento: o espaço concebido com nosso estudos de técnicas construtivas, de percepção do entorno, de formas, de materiais; o percebido, o que faz com que o usuário perceba a obra, seja ela numa sensação de incomodo, estranheza, ou ‘simplesmente’ pela sua monumentalidade; e ainda o espaço vivenciado, o espaço que é usado, experimentado corporeamente, sensivelmente, o que difere completamente a atuação do usuário, que aqui nestas condições participa de todo o processo de uso, se apropria.

E se voltarmos a pergunta em questão, parando para pensar na historia, grandes arquitetos foram também críticos da arquitetura existente em seus respectivos períodos de atuação, o que nos leva a crer que a dilatação da pratica da crítica ou do entendimento do que são limites na arquitetura, permite um entendimento da mesma, distinguindo seu real valor e sobrepujando sua redução a estilos, modas e tendências, bem como ao seu atrelamento aos movimentos do mercado.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

ARQUITETURA E POLÍTICA



Pólis Grega Sócrates e Platão na ágora em Atenas


A polis era a denominação das cidades na Grécia antiga. Nelas haviam espaços públicos onde se discutia política, onde os cidadãos exerciam efetivamente a máxima “O homem é um animal político”.

A ágora foi uma grande praça, um espaço público em Atenas, que hoje em ruínas se tornou um bem tombado e um atrativo para o turismo. Na antiguidade este espaço urbano se configurou num espaço onde se exercia a democracia e as discussões políticas, por meio da manifestação da opinião pública. Ela se localizava no ponto mais baixo de Atenas, sendo possível dali visualizar outros pontos importantes da polis, um deles a acrópole.

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Neste sentido, fazendo um paralelo com o que vivemos hoje, podemos perceber que não só as discussões políticas por parte dos cidadãos deixaram de existir, como também as praças no seu sentido remoto. A praça deixou de ser um espaço de encontro das pessoas, e atualmente o que observamos é que há um esvaziamento destes locais, que passaram a ser espaços de acesso de um lugar ao outro ou de descanso momentâneo.

O projeto que venho desenvolvendo, busca de certa forma o resgate deste espaço onde as pessoas param, permanece, se conhecem, conversam... em meio a pressa que o mundo informacional nos sorveu. Se hoje buscamos adaptar a arquitetura a toda essa tecnologia, pensando em locais com acesso a internet, ou com a segurança e privacidade que o homem contemporâneo pré- demanda, por que então, que além disso, não devemos retomar as origens do ser pensante? Do homem político, democrático, que discute, e traz ao seu cotidiano questões que deveriam ser de interesse comum a todos, como a política?

Quem sabe assim além de termos novos espaços, planejados para serem efetivamente usados universalmente, teremos também cidadãos que contribuem para escolherem melhores governantes, e não mais seres passivos, mediante essa sociedade “democrática”, onde o homem é apenas mais uma cabeça que vota.


Carolina Vale

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Interatividade integrada aos projetos arquitetônicos

Estamos caminhando para formas mais simples, instantâneas e eficientes de comunicação. Hoje falamos, ouvimos, vemos, escrevemos, a qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo com uma agilidade sem igual, e talvez ainda mais lenta que o será amanhã, o que nos faz repensar o conceito de presença e distância!

Essa tecnologia integrada a todos os ambientes e produtos que nos são atingíveis, tem gerado um sucessivo anseio pela inovação, e desta forma as coisas e fatos tem sofrido uma rejeição pela nossa sociedade. É preciso, deste modo, que o arquiteto procure recursos interativos aos espaços projetados, pensando num lugar que alimente as necessidades da sociedade atual, para que espaços urbanos não sejam espaços vazios e sem vida!

Neste sentido, um exemplo de projeto que se alia a tecnologia é a instalação “ARBORES LAETAE”, dos arquitetos: Elizabeth Diller, Ricardo Scofidio e Charles Renfo, desempenhada no ano de 2008 em Liverpool, Inglaterra.

Esta instalação foi feita com 17 árvores onde três delas se movimentam dentro de um circulo (árvores centrais da planta do parque, exibida na primeira imagem). Esta idéia de fazer com que, o que antes só poderia ser uma vegetação imóvel, agora se movimente, deu “vida” ao parque e o tornou mais visitado e agitado.